Obrigação precisa ser entregue até o próximo dia 31 de julho. Veja dicas para o envio correto
Área do Cliente
Notícia
Nova burocracia na abertura de empresas desafia empreendedorismo
Ao impor uma nova etapa e condicionar o CNPJ à análise tributária, a proposta da Receita Federal caminha na direção oposta ao espírito da reforma tributária
A abertura de empresa no Brasil sempre foi sinônimo de burocracia, filas, etapas duplicadas, prazos longos e imprevisíveis. Nos últimos anos, porém, esse cenário começou a mudar com a implantação da REDESIM, rede integrada que unificou cadastros, reduziu exigências e permitiu que o CNPJ fosse emitido de forma automática e simplificada. Pode ser que muitos empreendedores dos últimos anos não tenham percebido a dimensão desse avanço, justamente porque o sistema passou a funcionar com mais fluidez e eficiência. Contudo, esse avanço que tivermos agora pode estar em risco.
A proposta da Receita Federal do Brasil, apresentada por meio da Nota COCAD 181/2025, altera de forma preocupante o fluxo atual de abertura de empresas no país, impondo uma nova etapa que condiciona a emissão do CNPJ à definição prévia do regime tributário. Isso rompe com os princípios de linearidade e entrada única de dados estabelecidos pela REDESIM, que há anos representa um dos maiores marcos na desburocratização do ambiente de negócios no Brasil.
Atualmente, o CNPJ é gerado automaticamente no ato do registro na Junta Comercial, sem necessidade de reenvio de informações, permitindo que as empresas sejam formalizadas em prazos mais curtos, em um processo digital e integrado. O nova proposta, ao contrário, recria barreiras, exige contratações antecipadas e retoma a fragmentação de cadastros que tantos esforços públicos buscaram superar.
Para as micro e pequenas empresas, o impacto pode ser ainda maior: mais custos, mais incerteza e menos incentivo à formalização. E o que é ainda mais grave, uma mudança oriunda sem debate transparente com os atores diretamente envolvidos, como as Juntas Comerciais e os governos estaduais e municipais e das entidades que representam o empreendedorismo.
A medida também contraria a Lei Complementar 214/2025, que regulamenta a reforma tributária sobre o consumo e estabelece diretrizes claras para a integração e sincronização dos dados cadastrais. O texto legal não prevê qualquer restrição à emissão do CNPJ no momento do registro da empresa. Ao impor uma nova etapa e condicionar o CNPJ à análise tributária, a proposta da Receita Federal caminha na direção oposta ao espírito da reforma, que busca tornar os processos mais ágeis, coordenados e menos burocráticos.
Também não posso deixar de destacar o impacto direto que essa mudança trará à rotina das empresas e profissionais da contabilidade, que são aqueles que fazem a REDESIM funcionar na prática. São os contadores que orientam os empreendedores, preparam a documentação, interagem com os sistemas públicos e garantem a segurança jurídica do processo de abertura.
A proposta da Receita Federal não apenas desorganiza um modelo que vem dando certo, mas também desconsidera o papel técnico, consultivo e estratégico do contador. O profissional contábil deixaria de atuar como apoio à formalização para se tornar uma barreira obrigatória, antecipada e onerosa, que não interessa nem ao empreendedor, nem à classe contábil, nem ao país.
É preciso cautela e diálogo antes de promover qualquer mudança que possa comprometer o equilíbrio construído ao longo de anos. Os avanços conquistados nos últimos anos representam uma conquista coletiva: da administração pública, da classe contábil, dos empreendedores e de todos que acreditam em um Brasil mais simples, ágil e apto à geração de novos negócios.
Reformas são bem-vindas quando promovem avanços reais, não quando reinstauram barreiras já superadas. Preservar a lógica integrada da REDESIM é preservar a coerência de uma política pública que já demonstrou bons resultados. Qualquer alteração nesse sistema deve ser cuidadosamente analisada, com escuta ativa dos envolvidos e respeito aos princípios que nortearam sua criação: integração, eficiência e desburocratização.
Mais do que uma questão técnica, trata-se de uma decisão sobre o futuro que queremos construir: um país que valoriza quem empreende, que integra esforços, reduz barreiras e acredita na força do desenvolvimento.
Notícias Técnicas
Receita alerta que documentação irregular empresarial pode provocar cancelamento de inscrição estadual
A Câmara dos Deputados aprovou a urgência de projeto que aumenta a licença-paternidade de 5 para 15 dias. A medida corrige uma lei antiga e aproxima o Brasil de outras nações em termos de benefícios para pais
Reajuste salarial é obrigatório por lei e deve ser calculado com base em acordos coletivos e inflação; saiba como aplicar corretamente na empresa
Esses acordos ampliam o tempo que pode ser gasto por trabalhadores, sem remuneração extra, para atividades como troca de uniforme ou banho
Notícias Empresariais
Empresas emocionalmente inteligentes colhem benefícios claros: menos rotatividade, maior engajamento, melhor clima e times mais adaptáveis a mudanças
Interesse por pós-graduação cresce 22% no Brasil e revela tendência de qualificação estratégica nas empresas
As empresas mais admiradas do mundo hoje não são apenas inovadoras são emocionalmente inteligentes
Tecnologia, inovação e governança unem forças para superar os desafios do home office e reinventar a gestão de pessoas nas empresas
Nova modalidade desafia métodos tradicionais e impulsiona a digitalização
Notícias Melhores
Atividade tem por objetivo garantir a perpetuidade das organizações através de planejamento e visão globais e descentralizados
Semana traz prazo para o candidato interpor recursos
Exame de Suficiência 2/2024 está marcado para o dia 24 de novembro, próximo domingo.
Com automação de processos e aumento da eficiência, empresas contábeis ganham agilidade e reduzem custos, apontando para um futuro digitalizado no setor.
Veja as atribuições da profissão e a média salarial para este profissional